Ribamar Corrêa, Repórter Tempo - O calendário eleitoral deste
ano deve ser mantido e as eleições municipais ocorrerão em Outubro, como está
programado, apesar dos problemas causados pela pandemia do novo coronavírus.
Esse foi o tom do discurso do novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral
(TRE), desembargador Tyrone Silva, empossado ontem em sessão virtual remota,
juntamente com o vice-presidente e corregedor geral eleitoral, desembargador
José Joaquim Figueiredo dos Anjos. No seu pronunciamento, o novo comandante da
Justiça Eleitoral do Maranhão foi afirmativo quanto ao calendário, mas deixou
no ar um clima de expectativa quanto à confirmação: “Aqui estamos todos
aparelhados para a realização das eleições municipais vindouras. Evidentemente
que tudo vai depender do momento crítico que vivemos. A expectativa é positiva
no sentido de que possamos realizar mais esse ato cívico de consolidação
democrática”. O novo presidente do TRE confirmou na seara regional o que o novo
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso,
que em várias ocasiões descartou enfaticamente a possibilidade de adiar as
eleições.
O desembargador Tyrone Silva
e o ministro Luís Roberto Barroso sabem que a Justiça Eleitoral se encontra sob
forte pressão tendo de um lado correntes políticas influentes que defendem a
manutenção do calendário eleitoral, enquanto das outras forças políticas
igualmente poderosas estão se mobilizando para mudar a regra e, pelo menos,
adiar as eleições. As autoridades eleitorais argumentam que os mandatos dos
atuais prefeitos e vereadores terminam no próximo dia 31 de dezembro, e que
mudanças no calendário ferirão gravemente a estabilidade do sistema
democrático, à medida que os atuais prefeitos, muitos deles candidatos à
reeleição, poderão permanecer por mais tempo no poder.
As manifestações das cúpulas
estadual e nacional da Justiça Eleitoral defendendo o cumprimento do calendário
das eleições deste ano certamente causam forte impacto nos milhares de
pré-candidatos a prefeito e a vereador dos 5.570 municípios brasileiros, entre
eles os cerca de mil que aspiram comandar as 217 prefeituras e os cerca de 30
mil que sonham ocupar os 2.320 assentos das câmaras municipais maranhenses.
Eles vinham em marcha acelerada de pré-campanha, mas tiveram que desacelerar e
entrar em compasso de espera por conta da pandemia. Por causa do novo
coronavírus, a classe política e a população estão enfrentando divisões quanto
à realização das eleições. Entre os políticos, a maioria é a favor da corrida
às urnas. Já entre os eleitores, várias pesquisas mostraram que larga maioria
da população quer o adiamento da corrida ao voto. Isso significa dizer que a
posição dos presidentes do TRE e do TSE podem ser atropeladas pelos fatos.
A corrida à Prefeitura de
São Luís revela bem essa situação. Os 12 pré-candidatos assumidos à sucessão do
prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) – Eduardo Braide (Podemos), Rubens Jr.
(PCdoB), Duarte Jr. (Republicanos), Bira do Pindaré (PSB), Neto Evangelista
(DEM), Franklin Douglas (PSOL), Adriano Sarney (PV), Yglésio Moises (PROS),
Saulo Arcangeli (PSTU), Wellington do Curso (PSDB), Carlos Madeira (SD) e
Detinha (PL) – mergulharam numa movimentação mais discreta, para evitar a
acusação de oportunismo. Nenhum anunciou desistência e todos aguardam o
desenrolar dos fatos. Donos de indiscutível poder de fogo no processo político
na Capital, o governador Flávio Dino (PCdoB) e o prefeito Edivaldo Holanda Jr.
não têm se manifestado sobre o assunto.
O fato é que, faltando 137
dias para a corrida às urnas, o novo presidente da Justiça Eleitoral no
Maranhão, alinhado ao presidente TSE, assume o comando da máquina eleitoral
sinalizando com a certeza de que as eleições estão a caminho, sem descartar, no
entanto, a possibilidade do seu adiamento. As leves evidências são as de que os
pré-candidatos à Prefeitura de São Luís fazem suas pré-campanhas na surdina,
para não perder o embalo de vez.
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