O presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizou nesta terça-feira que a
data das eleições municipais deste ano deve ser adiada em razão da
pandemia do novo coronavírus. Maia afirmou que o presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), irá montar um grupo de deputados e senadores na
próxima semana para debater o assunto. A tendência, de acordo com o presidente
da Câmara, é postergar a data do pleito, marcada para o dia 4 de outubro.
Entretanto, segundo ele, há o entendimento de que a medida não deverá
compreender a postergação de mandato de prefeitos e vereadores.
As prefeituras seriam
ocupadas, portanto, por um político eleito ainda este ano. Para que haja a
mudança, os parlamentares precisam alterar a Constituição. A Carta determina,
em ano eleitoral, a votação de primeiro turno no primeiro domingo do mês de
outubro e o segundo turno no último domingo de outubro.
— Vamos começar a discussão
nos próximos dias sobre a data da eleição. O presidente Davi vai construir um
grupo junto com a Câmara para que nós possamos discutir a questão da data da
eleição, se vamos mantê-la no mesmo dia ou se a decisão do parlamento vai ser
modificá-la dentro do próprio mandato, uma outra data. Então seria seria o
adiamento da eleição sem prorrogação de mandato. Eu vi ontem, na discussão com
os líderes, que essa é uma posição de quase unanimidade. A maioria dos
parlamentares entende que podemos ter o adiamento, mas não devemos ter a
prorrogação de nenhum mandato — disse Maia.
A visão dos parlamentares é
a mesma já defendida pelo ministro Luís Roberto Barroso, que assumirá a
presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima segunda-feira. O
ministro diz que, se for o caso de mudar a data, o adiamento possa ser o mais
breve possível, sem alterar o tempo de mandato dos atuais e futuros prefeitos.
Maia disse que, após a
discussão entre parlamentares, haverá um diálogo também com Barroso. Em abril,
o TSE criou um grupo de trabalho para projetar os impactos da pandemia
provocada pelo novo coronavírus. A ideia é monitorar a pandemia e os possíveis
impactos no pleito. Alguns dos motivos de preocupação do tribunal são as
possíveis aglomeração em convenções partidárias e o atraso de testes das urnas
eletrônicas.
Ao chegar à Câmara, Maia
também falou sobre os projetos que tramitam na Casa. Nesta terça-feira, a
Câmara pode votar uma proposta que cria o Tribunal Regional Federal de Minas
Gerais, sediado em Belo Horizonte. Questionado sobre a pertinência da votação
em cenário de pandemia, ele disse que não acha o melhor momento para debater o
assunto. Entretanto, decidiu atender a um pedido da bancada de Minas
Gerais. Nas últimas semanas, o grupo e o presidente do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, pressionam pela criação do tribunal. O
Globo
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