Abel Carvalho e Louremar Fernandes - O vereador Venâncio da Silva Costa, o Venâncio do Peixe (PDT),
foi eleito para o seu primeiro mandato (legislatura 2017-2020) com apenas 450
votos. Venâncio foi mais um produto do questionado sistema de eleição
proporcional. Ao se eleger e dá início ao seu trabalho, o então pescador
agregou naturalmente a rejeição espontânea que a função traz, algo em torno de
30%, assim se imagina; comprou um Corolla e colocou na porta de casa, no bairro
Tresidela aonde mora. Depois comprou um pick up e protagonizou diversos
episódios que em nada contribuíram com o status de homem público que adquiriu
ao se eleger.
Venâncio da Silva Costa é um vencedor. Quatro anos depois se reelegeu obtendo 845 votos (legislatura 2021-2024), dobrando a sua primeira votação, contrariando todos os prognósticos e as análises que o colocavam fora da Câmara Municipal de Bacabal. Esse é um fato que nunca tinha acontecido na história política de um município que é especialista em eleger nomes apenas uma vez.
Mas, o que fez o vereador Venâncio do Peixe para vencer a rejeição natural e, a que ele mesmo provocou com o desenrolar do seu primeiro mandato?
O
vereador Manoel Vieira Neres, no ‘alto’ da sua experiência e sapiência,
explicava que é o vereador o para-choque da política, a porta de entrada do
eleitor nesse mundo odiado e adorado. Explicava Neres que, em razão disso, o
vereador realizava, tinha o papel do assistente social, do intercessor.
Intercessão, gramaticalmente,
é substantivo feminino. É a ação de interceder, de pedir ou de solicitar algo
para outra pessoa.
Religiosamente
é pedido ou oração feita em favor de outra pessoa. Ação que interfere no
desenvolvimento de outra. Tem ainda o significado de mediação, intervenção:
venceu o debate com a intercessão do professor.
O vereador, na visão de Manoel Neres, é o executor do papel de pagar contas de luz, água e telefone – agora celular e Internet – arrumar consultas e comprar remédios, doar cestas básicas e peixes, além de outros gêneros de produtos alimentícios em períodos específicos, como na Semana Santa; o vereador tem que ter as portas de sua casa aberta com comida farta, e até está atento, em plantões noturnos, para atender a surreais pedidos de compra de caixões para enteados mortos de seus cabos eleitorais, ou seus eleitores diretos. Tudo isso, além da compra de utensílios como roupas e calçados, sem falar na velha e boa cachacinha ou cervejinha.
Bom...
Venâncio também faz tudo isso, e muito bem. Isso, na visão do bom vereador
Manuel Neres é intercessão. E todos seguem essa regra sem grandes
questionamentos.
Mas,
Venâncio inovou. Vai além do protocolo e agregou a esse métier uma nova
palavra, que tem o mesmo som, porém grafia e significado diferente, sendo uma
palavra homófona: intersecção.
Intersecção,
gramaticalmente, é um substantivo feminino que significa ação ou efeito de
cortar ao meio; corte. O corte que se faz ao meio de alguma coisa. Ponto
estabelecido em que se transpõem ou cruzam duas linhas, planos e/ou
superfícies.
Intersecção,
matematicamente, é a operação através da qual se consegue um conjunto composto
por elementos comuns a outros (dois) conjuntos. Por extensão, é o conjunto
caracterizado por essa operação; representado pelo sinal ∩: produto.
Pois é... O vereador Venâncio da Silva Costa, inovando, fez dos seus dois mandatos o encontro, a intersecção com duas causas: a política agrária e fundiária, e, a política intermunicipal dos limites territoriais.
Para fazer esse trabalho, Venâncio teve que atravessar a ponte sobre o Rio Mearim – isso esquecendo a literariedade de morar no bairro Tresidela - entrar em secretarias e outros órgãos estaduais afins, além de abrir portas e entrar em ministérios e secretarias, entre outros órgãos afins, em Brasília. Faz esse trabalho com capacidade e destreza. O ex-deputado estadual e ex-presidente do Iterma, Júnior Verde, assim como o prefeito de Lago Verde, Alex Almeida, consideram Venâncio, por essa capacidade, como um vereador intermunicipal.
Junto ao Ministério da Cidadania, em Brasília, conseguiu o incremento e a liberação de recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), para o município de Bacabal. O vereador trouxe ao município a coordenadora Nacional do PAA, Mariana Carvalho, que anunciou a nova proposta do programa, que começou a valer o ano passado.
Mariana anunciou: “Hoje nós temos mais de 30 produtores que estão cadastrados nessa proposta e temos uma previsão de inclusão de mais produtores em breve. E o valor que o agricultor recebe é de 6.500,00 reais. Tendo em vista que, ano que vem, nós já estamos trabalhando numa reformulação que o valor será 12 mil reais, que já é uma grande novidade aí do agricultor que está participando do PAA”.
Junto ao Iterma e ao Incra, aqui no Maranhão, o vereador pedetista já articulou, e garantiu o financiamento, para a construção de 59 imóveis rurais, sendo que cada casa custou 34 mil reais, totalizando 2 milhões de reais em recursos. As casas foram construídas nos povoados Lusiana, Alentejo e Bom Jesus, que também foram beneficiados com a política de titulação de terras, que inclui, ainda a gleba 10 Mil Réis, também conhecida como Sapucaíba II, além de Bom Princípio.
Nessas glebas 120 famílias já receberam, cada família, 5 mil e 200 reais do programa Apoio Inicial, totalizando 624 mil reais que caíram direto nas contas desses trabalhadores. O parlamentar trabalha agora a liberação dos programas Fomento e Fomento Mulher.
O
Programa Fomento financia projetos produtivos de promoção da segurança
alimentar e nutricional e de estímulo à geração de trabalho e renda, no valor
de até R$ 6,4 mil, dividido em duas operações de até R$ 3,2 mil por família
assentada. O Programa Fomento Mulher financia a implantação projeto produtivo
sob responsabilidade da mulher titular do lote, no valor de até R$ 3 mil, em
operação única, por família assentada.
No setor urbano o vereador é autor de um projeto de lei que dispõe sobre a criação de Comissão Parlamentar Especial (CPE), que tem como objeto realizar estudos sobre a Regularização Fundiária Urbana (Reurb), do Município de Bacabal.
Para ele o Poder Legislativo precisa levantar essa discussão urgente e buscar junto aos órgãos competentes resolver um problema, que ao longo dos anos, vem crescendo em nosso Município, prejudicando a todos os munícipes. A cidade e a sociedade nos pedem uma discussão mais ampla para resolver um problema que se arrasta há anos. É preciso trabalhar em conjunto, pois essa irregularidade traz com ela impactos sociais, econômicos e ambientais para todo o Município.
Na questão limítrofe
territorial articulou e construiu acordos com os municípios de São Mateus e
Alto Alegre, avalizados pelos ex-prefeitos Miltinho e Maninho, pelo prefeito
Edvan Brandão, e oficializados, com anuência do governador Carlos Brandão, pelo
Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc) - outra
autarquia estadual que o vereador aprendeu o caminho, e, acordos homologados
pela Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão.
Com São Mateus Venâncio do Peixe garantiu para Bacabal a Permanência do povoado Bom Princípio, que territorialmente pertencia ao município vizinho. São Mateus passou a gerenciar os povoados Timbaúba, Azedo, Breu Branco e Queimadas. Com Alto Alegre a permanência, ou volta, do povoado Urucuzal. Alto Alegre agora gerencia legalmente os povoados Mangueiras, Alto do Bode e Altamira dos Borbas.
A
homologação desses acordos permitiu ao município de Bacabal não perder
contingente populacional no Censo que está sendo levantado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. O IBGE contou, até agora, que Bacabal
tem 104 mil 352 habitantes. Esse número pode ser acrescido com o anúncio do
resultado final do censo 2022.
Trabalha agora Venâncio do Peixe, a construção de acordos com os municípios de Bom Lugar e Luís Gonzaga. Para Bom Lugar Bacabal pode perder povoados grandes e importantes como São Paulo Apóstolo e Centro dos Teles. Para São Luís Gonzaga povoados como Matinha e Coheb do Gavião.
E isso Venâncio quer evitar.
Não
esquecendo nunca, que Venâncio da Silva Costa é pescador de nascimento. Nessa
condição, fundador do Sindicato dos Pescadores Profissionais, Artesanais de
Bacabal, que mais tarde ampliou sua abrangência e atuação, se tornando o
Sindicato dos Pescadores Profissionais, Artesanais, Aquicultores, Criadores de
Peixe e Trabalhadores na Pesca no Município de Bacabal.
É
militante da causa ecológica hidrográfica como integrante do Comitê de Bacia
Hidrográfica do Rio Mearim, sendo seu vice-presidente e, já ocupou
interinamente a presidência em razão da morte do presidente José Filho.
Venâncio da Silva Costa, o Venâncio do Peixe, se filiou ao PDT em sua primeira campanha. Permanece no partido até hoje.
Mas,
agora busca novos caminhos e um novo rumo.
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