G1/MA - Três defensores públicos do Maranhão acionaram a Justiça
na segunda-feira (1º), com um pedido para obrigar o Governo do Maranhão a
adotar medidas de restrição total das atividades sociais e comerciais não
essenciais, manobra conhecida como 'lockdown', em razão da pandemia de
Covid-19.
O documento pede que a medida seja aplicada para todos os
217 municípios do estado, pelo período de 14 dias, podendo ser prorrogada. A
petição foi protocolada na 1ª Vara de Intereses Difusos e Coletivos de São
Luís, responsável por conceder, em maio do ano passado, o
pedido de 'lockdown' para os quatro municípios da Grande Ilha (São
Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa).
A ação é resultado do aumento do número de ocupação de
leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid, que
ultrapassam os 80%, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela
Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Assinam o documentos os defensores públicos Clarice Viana
Binda, titular do núcelo de Direitos Humanos; Cosmo Sobral da Silva, titular do
núcleo de Defesa da Saúde, da Pessoa com Deficiência e da Pessoa Idosa; e Diego
Carvalho Bugs, defensor do núcleo regional da Raposa. Não há prazo para
que a Justiça julgue o pedido.
Na petição, os defensores pedem ainda:
A restrição da circulação de veículos particulares,
podendo ser usados exclusivamente para deslocamento de pessoas em atividades
essenciais, compra de gêneros alimentícios e medicamentos, ou atendimento
médico hospitalar;
Suspensão do serviço de transporte rodoviário
intermunicipal;
Restrição da circulação de veículos particulares em
rodovias do Maranhão, podendo ser liberados somente para o deslocamento de
pessoas em atividades ligadas à atividades essenciais ou para compra de
alimentos, medicamentos e atendimento médico;
Limitar o funcionamento do transporte público urbano,
garantindo o mínimo necessário para garantir o deslocamento de pessoas ligadas
à atividades essenciais;
Implantação de regras de biossegurança para funcionamento
das atividades essenciais e transprote público urbano;
Proibição de eventos sociais públicos e privados de
qualquer natureza, indepedendente do número de pessoas;
Proibição de música ao vivo ou mecânica, inclusive
ambiente, em bares e restaurantes.
Os defensores pedem, ainda, que a fiscalização do
cumprimento das medidas seja realizada pelas polícias civil e militar, com
apoio do governo estadual, assim como outros funcionários públicos estaduais da
área.
Ao G1, a assessoria de comunicação da Defensoria
Pública do Estado (DPE-MA) afirmou que a decisão foi individual dos três
defensores e que não houve conhecimento prévio da direção-geral do órgão. A DPE
reforçou que está em diálogo para entender o cenário do pedido feito pelos
defensores.
Justificativas
O pedido foi feito base em dados epidemiológicos no
estado, realizado entre os dias 18 a 31 de janeiro, com dados oficiais da
Secretaria de Saúde. Ficou constatado que houve um aumento significativo na
taxa de ocupação de leitos de UTI destinado para pacientes com Covid-19 no
estado.
Nos municípios da Grande Ilha e em Imperatriz, segunda
maior cidade do Maranhão, a taxa de ocupação chegou nos últimos nove dias, a
obter uma ocupação superior a 80%, sendo considerados os polos que mais recebem
pacientes do interior do estado. Segundo a petição, a grande maioria dos
municípios não possui leitos e nem hospitais estruturados para receber os
pacientes.
Além disso, foi observada a elevação na taxa de contágio
do vírus no Maranhão, que chegou em 1,45, quando o cenário ideal é abaixo de 1,
conforme determina a Secretaria de Saúde. Os defensores destacam ainda a
campanha de imunização contra a Covid-19 no Maranhão, que já vacinou somente
com a 1ª dose, apenas 0,45% da população, até o dia 27 de janeiro, sendo ainda
muito longe de atingir toda a população do estado.
Em justificativa, o documento afirma que enquanto não
houver vacinação em massa no Maranhão, a única medida viável é adoção de
medidas de distanciamento social, restrição de pessoas, para conter o vírus e
evitar a chance de mutações, como aconteceu na África do Sul, Reio Unido e no
estado do Amazonas.
Ou seja, se não mantivermos o único tratamento eficaz,
que é o distanciamento social e a não aglomeração de pessoas, poderemos voltar
à estaca zero quando não tínhamos vacina disponível", afirma o documento.
O G1 entrou em contato com o Governo do
Maranhão que não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.

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