O governo federal
anunciou nesta terça-feira (20), em evento no Palácio do Planalto, o
lançamento de uma nova linha de financiamento habitacional na Caixa Econômica
Federal (CEF). Essa linha vai operar contratos habitacionais corrigidos pela
inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), mais uma taxa fixa.
O presidente da Caixa, Pedro
Guimarães, havia adiantado a medida na semana passada, sem detalhes.
Na tarde desta terça-feira, no Planalto, Guimarães explicou que a nova linha,
baseada no IPCA, trará taxas reduzidas e utilizará o IPCA no lugar da Taxa
Referencial (TR), definida pelo Banco Central e considerada por Guimarães de
baixa previsibilidade.
A nova linha traz uma taxa
de 4,95% do valor financiado mais correção do IPCA. A porcentagem pode
chegar a 2,95% do valor financiado para quem tem as melhores relações com o
banco (ter conta no banco e apresentar baixo risco de inadimplência, por
exemplo). Os valores serão corrigidos mensalmente, prestação a prestação,
conforme o IPCA mais recente.
Já a linha de financiamento
praticada atualmente traz uma correção de TR mais 9,75% do valor financiado.
Essa porcentagem pode cair até 8,5%, sendo 8,5% para clientes com boas relações
com o banco.
Prestações menores –
Guimarães disse que o valor da prestação do financiamento imobiliário poderá
ser reduzido até pela metade. “O que representa isso? Um imóvel de R$ 300 mil,
que hoje você começa pagando R$ 3 mil, você baixará, com 4,95% de taxa, de R$ 3.168
para R$ 2 mil. Se você chegar a uma taxa de 2,95%, você chega a uma redução de
51% na prestação”.
Caso o cliente não queira
financiar com base no IPCA, temendo um aumento muito grande na inflação no
futuro, ele poderá optar pela linha já usada. “Se o cliente tiver esse receio,
ele pode continuar com TR. Exatamente por causa disso, um componente do IPCA
mais volátil, que a gente reduziu tanto, para 4,95%”, disse o presidente da
Caixa.
O presidente Jair Bolsonaro
participou do evento e disse que a medida é um ganho para a sociedade como um
todo, tanto para quem vai comprar, quanto para os setores imobiliário e da
construção. “Isso é muito bem-vindo. E a sociedade toda ganha, todo mundo
ganha. Vamos, na medida do possível, dando sinais que queremos fazer um Brasil
melhor para todos”.
Para o presidente da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, a medida
deverá favorecer o mercado. “A transferência do indexador da prestação do
crédito imobiliário – da TR [Taxa Referencial], que não tem a confiança dos
investidores, para o Índice de Preços [IPCA]– deve favorecer o mercado. […] A
atualização por Índice de Preços estimula o apetite para esses agentes
[financeiros] comprarem os papéis”, disse Martins, em nota.
Para Martins, a medida
estimulará a concorrência, trará dinheiro novo e abrirá caminho para que os
custos para o crédito imobiliário diminuam. “O consumidor final vai poder pagar
menos em prestações, pois a economia brasileira vai ter um mercado real em vez
de um ‘mercado de apostas’”, disse.
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